O Projeto GESTAAMOR, que chegou à sua 8º edição, reuniu na última noite de sexta-feira (6), cerca de 40 gestantes de toda região na Santa Casa de Caridade de Formiga. O evento também contou com a participação do corpo clínico do hospital.
Na ocasião os participantes prestigiaram a palestra da deputada estadual Geisa Teixeira (PT), autora do projeto de lei que dispõe sobre a implantação de medidas de informação e proteção à gestante e parturiente contra a violência obstétrica no Estado de Minas Gerais. Houve ainda, palestra com o tema: “Dor Além do Parto”, ministrada pela coordenadora da Unidade Materno Infantil, Tassyane Tavares e a doula Grasielly Sheila Leal.
O encontro foi um momento onde as gestantes puderam esclarecer dúvidas e conhecer um pouco mais sobre a proposta da deputada, que sobretudo, defende que a violência obstétrica é uma realidade e pode ocorrer na gestação, no parto ou no pós-parto. O Projeto de Lei, de número 4.677/2017, está em tramitação na Assembleia Legislativa e atualmente se encontra sob análise da Comissão de Constituição e Justiça e Comissão de Saúde.
“Na Comissão Extraordinária das Mulheres buscamos sempre pelo combate à violência de qualquer forma que seja e, focando nisso, percebi que nós ainda vivemos uma grande violência obstétrica. Já estamos no século XXI e infelizmente, no momento em que a mulher está grávida e vai ter o seu bebê, ou no momento do pós-parto, ela passa por muitas violências, sejam físicas ou psicológicas. Portanto, nós estamos promovendo esse diálogo a fim de fortalecer essa temática”, explicou a deputada.
Sobre o projeto GESTAAMOR, Geisa teceu elogios e ainda pontuou a importância de se pensar na humanização dos partos como uma ação multiprofissional. “O projeto desenvolvido pela Santa Casa é mesmo maravilhoso. Fiquei encantada em ver o encontro dessa gestastes junto às enfermeiras obstetras, o corpo clínico de modo geral e o que percebo, é que todos querem justamente promover a humanização do parto e o acolhimento e isso é fundamental”, finalizou a deputada.
Gislene Fonseca da Silva, que está na 12º semana de gestação participou do projeto pela primeira vez. Durante o evento ela relatou que já foi vítima de violência obstétrica por parte de uma equipe médica quando esteve grávida há cinco anos.“Saí feliz desta palestra e com a certeza de que eu posso esperar coisa melhor desta vez. Na minha segunda gestação há cinco anos, fui totalmente ignorada no posto de saúde onde eu sempre solicitava atendimento. Um dia acabei tendo um aborto dentro desse posto e uma enfermeira alegou que eu deveria procurar o meu posto de saúde, sendo que era aquele. Tive um sangramento intenso, perdi o bebê e ainda tive que ouvir insinuações de que eu provoquei o aborto. Não tive acompanhamento nenhum, fui violada dos meus direitos e o resultado disso foi a perda do meu bebê. Com essa palestra posso dizer com certeza, que agora conheço os meus direitos”, relatou.
Patricia de Paula participa desde o início do projeto e conta que aproveita cada momento para aprender um pouco mais sobre a gestação. Ela está grávida de 30 semanas e avalia que os temas abordados fazem toda diferença para que a gravidez seja ainda mais tranquila. “Tenho achado muito importante participar porque a gente adquire muito conhecimento e ficamos sabendo tudo que vai acontecer com a gente e com o bebê, afinal, é um momento de muitas mudanças e descobertas. O projeto é de muita valia para nós gestantes e o meu desejo é que ele possa continuar assim para as novas gestantes que vierem. Eu tenho tirado proveito de tudo que é compartilhado entre nós”, ressaltou.
A coordenadora da maternidade e também coordenadora do projeto Tassyane Tavares ressalta que os encontros têm crescido a cada edição e enfatiza que ele funciona especialmente como política pública de prevenção à saúde da mulher. “Foi surpreendente contar com a presença de todos, sabemos que o tema levanta muita polêmica e eu fiquei muito satisfeita também pela presença dos médicos, onde tivemos a fala do Dr. Carlos, que foi muito importante, assim como ver o apoio que o corpo clínico tem dado para melhorar a assistência e combater a violência obstétrica”, disse.
“Acho que, de fato, conseguimos alcançar nosso objetivo passando a mensagem da melhor forma possível, sabendo que as gestantes estão cada vez mais bem informadas de todos processos, incluindo informações sobre o parto normal e cesária. Na Atenção Primaria há uma certa dificuldade em criar os grupos e promover adesão das gestantes, por isso, vê-las reunidas no nosso projeto me deixa muito satisfeita, já que, o que estamos fazendo é política pública de prevenção à saúde da mulher”, completou Tassyane.
Sobre o curso
O curso é oferecido gratuitamente na Maternidade de Formiga, sendo ministrado por uma equipe multiprofissional composta por médicos, enfermeiras, nutricionistas, fisioterapeutas, doulas, consultoras de amamentação e psicólogos.
As ações desenvolvidas dentro do projeto GESTAAMOR ocorrem mensalmente nas últimas quintas-feiras do mês (variação conforme feriados nacionais), das 19h as 21h30. As inscrições para o curso ocorrem nos municípios da microrregião, mediante a Secretaria de Saúde.
O projeto cumpre papel social promovendo acompanhamento contínuo das gestantes do município de Formiga e da microrregião, através de ações de prevenção e promoção de saúde, investindo em informações que possam favorecer o aprendizado da gestante, fortalecer a corresponsabilidade na assistência pré-natal, parto e puerpério e, assim, impactar positivamente os indicadores de saúde do município relacionado ao binômio mãe e filho.